Securitização financia fintechs de crédito

Em alta desde 2020, a demanda por crédito tanto de empresas quanto de pessoas físicas devido à crise econômica resultante da pandemia de Covid-19 segue movimentado o mercado de capitais brasileiro neste ano. Nessa linha, as fintechs de crédito reforçaram sua relevância como agentes que ajudam a fazer a roda a girar sob duas vertentes: utilizam instrumentos de securitização na captação de recursos e se consolidam como fonte para empréstimo mais rápido e, muitas vezes, como a única alternativa a determinados públicos.

“O que acontece é que o mercado de fintechs está se consolidando como um demandador de funding e que usa também instrumentos de securitização para buscar esses recursos. Nossos números de operações de securitização financeira cresceram muito em 2020 e 2021 e as operações de crédito imobiliário feitas por fintechs também. Fizemos várias emissões do setor imobiliário justamente para financiá-las”, afirma o fundador da True Securitizadora, Fernando Brasileiro.

De acordo com o boletim divulgado em abril pela ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), por exemplo, além do volume de emissões das empresas brasileiras no mercado de capitais ter crescido 21,8% no primeiro trimestre de 2021 em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo R$ 102 bilhões, os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e os FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) se destacaram entre os produtos de renda fixa.

Os CRIs registram volume de R$ 4,7 bilhões e os FIDCs de R$ 14,8 bilhões; enquanto, por sua vez, os fundos imobiliários, híbridos entre renda fixa e variável, também tiveram resultados expressivos no trimestre: o total de emissões (R$ 14 bilhões) está 29% acima do mesmo período de 2020. Só em março, os FIIs (Fundos de Investimento Imobiliário) alcançaram R$ 6 bilhões, mais de três vezes acima do registrado em fevereiro (R$ 1,4 bilhão), confirmando o momento positivo do segmento.

E é justamente na securitização de recebíveis – principalmente pela cessão de créditos aos FIDCs ou por meio das companhias securitizadoras de créditos financeiros –  que que essas fintechs têm conseguido recursos para financiar suas atividades. Reguladas pelo Banco Central, tais startups se enquadram como Sociedades de Empréstimo entre Pessoas (SEP) e Sociedades de Crédito Direto (SCD).

De acordo com Fernando Brasileiro, outra tendência apontada como positiva e crescente no mercado de capitais relacionada às fintechs é a de desintermediação do mercado bancário. “As fintechs acabam sendo ponta de lança na geração de ativos e o funding, via mercado de capitais, ou virá de fundos de investimentos ou das emissões de securities, então as duas coisas estão crescendo muito”, completou.

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